Pouco lembrado, os quadris são responsáveis pelas articulações que sustentam todo o corpo, uma vez que conectam as pernas ao tronco. Com a função de sustentar todo o peso do corpo, os quadris possuem uma grande capacidade de carga e têm muita amplitude de movimento, além de apresentar uma anatomia precisa e única, que resulta em uma biomecânica perfeita capaz de conciliar força com grande capacidade de amplitude de movimento. Para quem não liga muito para essa parte do corpo, ao correr, por exemplo, essa articulação sustenta em média oito vezes o peso da pessoa, enquanto que no salto triplo, prova do atletismo, chega a sustentar até 15 vezes. Ou seja, se você não cuidou dos seus quadris até agora, chegou a hora de começar!
“Apesar de usarmos o termo ‘quadril’ no dia-a-dia para nos referirmos à região, temos dois quadris, o esquerdo e o direito. Cada um deles é formado pelo “encaixe” da cabeça do fêmur, o osso da coxa, no acetábulo, cavidade da pelve (bacia), e há presença de vários ligamentos, tendões, bursas, fáscias e musculatura ao seu redor”, explica o ortopedista e integrante do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, Marcelo G. Cavalheiro. E, é essa estrutura dos quadris que dá estabilidade para ficarmos em pé e caminharmos, já que os ossos do fêmur e da bacia não entram em atrito porque existem cartilagens entre eles – um tipo de tecido de revestimento que recobre a superfície óssea nas articulações, tem poucos milímetros de espessura, deixando-a lisa, dura e com pequeno coeficiente de atrito, permitindo um melhor contato.
Agora, se você vem sentido dores na região, de acordo com o ortopedista, é bom ficar bem atenta. “As causas de dor são inúmeras, podendo significar desde um problema simples até os mais complexos. E o quanto antes tivermos o diagnóstico, mais rápido será a abordagem nas condutas específicas para aquela lesão. As lesões nos quadris são mais comuns em atletas. Entre as mais frequentes, estão estiramentos musculares, contusões e tendinites. Quando realizado o tratamento adequado, o retorno ao esporte pode ser rápido, se o paciente segue as etapas do tratamento”, informa Cavalheiro.
No entanto, o especialista faz questão de ressaltar que todos podem desenvolver lesões no quadril, independentemente de ser sedentário, esportista recreacional ou até um atleta profissional. “O que contribui para aumentar a incidência de lesões é a maior ou menor exigência e solicitação do quadril. Há algumas posições, atividades ou modalidades esportivas que solicitam mais, em termos de amplitude, carga ou em número de repetições, como golfe, tênis e futebol”, alerta. De acordo com o ortopedista, além das lesões causadas por esforço repetitivo intenso, podem ocorrer ainda as lesões intrínsecas e as degenerativas da articulação, que aparecem devido a uma associação entre uma condição de predisposição individual a determinada lesão com a prática de uma atividade ou esporte que favoreça a sua incidência. Ocorrem em jovens e em atletas e provocam dor e limitação funcional, comprometendo os treinos, rendimento e resultados. “São passíveis de tratamento, cujo objetivo é eliminar a dor, restabelecer a função e proporcionar um retorno pleno ao esporte e práticas diárias”, comenta.
Ainda segundo o médico, o não tratamento dessas lesões do quadril pode resultar na progressão para um processo degenerativo da articulação, chamado de artrose. “É um processo lento, porém constante, que vai gastando a articulação e leva à intensificação do quadro de dor, restrições de amplitude de movimento e de limitação importante. O tratamento em sua fase mais avançada é a artroplastia, ou seja, a substituição da articulação por uma prótese”, explica o médico.
Para avaliar o problema, o indicado é procurar ortopedista poderá fazer o diagnóstico e indicar o tratamento mais adequado para o tipo de lesão nos quadris. “A indicação da terapia vai depender da correta identificação do problema. Sempre há a preocupação em sermos menos invasivos nos tratamentos, recorrendo a medidas com menos riscos, complicações e efeitos colaterais. Entre os tratamentos, estão medicações diversas, infiltrações, fisioterapia, termoterapia, manipulações, imobilizações, reabilitações, reeducação postural, pilates, orientações, artroscopia (cirurgia minimamente invasiva) ou as cirurgias tradicionais”, finaliza o médico.
Por Paula Perdiz
